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De "ridiculamente baratas" a subvalorizadas, ações ainda trazem oportunidades

De um ano atrás para cá, as coisas mudaram de maneira repentina e até certo ponto surpreendente.

Fonte: InfoMoney

 Roberto Altenhofen Pires Pereira


De um ano atrás para cá, as coisas mudaram de maneira repentina e até certo ponto surpreendente. O retrato das bolsas foi do pessimismo extremo à certeza de uma recuperação. Os preços dos ativos caminharam junto, também de maneira repentina e surpreendente.

A explicação para as bolsas mostrarem tanto fôlego este ano pode vir, entre outros fatores, de uma questão de timing. Mesmo que a economia tenha apenas dado sinais de melhora, o que os mercados refletem são as expectativas criadas, ou a tal certeza de uma recuperação.

"Os mercados são mecanismos de desconto. Eles tendem a antecipar expectativas futuras e descontá-las de volta em preços baseados em expectativas de retorno", resume John Petrides, da Advisors Capital Management, à MorningStar. Por outro lado, períodos de turbulência como o enfrentado podem deturpar a percepção de risco dos investidores e, em alguns casos, levar a expectativas além dos fundamentos.

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Diversos casos podem ser citados como argumento. O mais famoso deles talvez seja o da cotação do petróleo, que foi de US$ 145 por barril a US$ 35 em cerca de cinco meses. Ainda há discussão a respeito do quanto desta oscilação pode ser creditada aos reais fundamentos da commodity, ou sua relação física com as características de oferta e demanda.

Transportando o caso para o mercado acionário, chegou ao ponto de alguns ativos serem precificados com relação P/L (Preço sobre o lucro esperado) de 1 a 2 vezes. Significaria que em aproximadamente um ou dois anos aquela empresa geraria de lucro tanto quanto estava valendo naquele momento. 

O que você escolheria?
Algumas destas discrepâncias podem remeter à teoria da perspectiva, desenvolvida por Daniel Kahneman e Amos Tversky. Seus estudos trataram das escolhas reais dos indivíduos, relacionando alternativas de decisão que envolvem risco e cujas probabilidades eram conhecidas.

Nesta elaboração, os autores questionaram um grupo de indivíduos sobre qual sua escolha entre, por exemplo, ter 100% de chances de ganhar $ 3.000; ou 80% de chances de ganhar $ 4.000, com 20% de probabilidade de não ganhar nada. Neste caso, cerca de apenas 20% dos pesquisados escolheram a segunda opção.

Chance de ganhar Risco de perder
A)100% de chance de ganhar $ 3.000 A)100% de chance de perder $ 3.000
B)80% de chance de ganhar $ 4.000,
com 20% de não ganhar nada
B)80% de chance de perder $ 4.000,
com 20% de não perder nada
Por outro lado, a mesma projeção, agora entre ter 100% de chances de perder $ 3.000; ou 80% de chances de perder $ 4.000, com 20% de probabilidade de não perder nada; apontou preferência oposta, ou seja, aproximadamente 92% dos entrevistados escolheriam a segunda opção. 

Este exemplo básico sugere que o investidor pode reagir de maneiras diferentes quando submetido ao risco de prejuízo ou a possibilidade de obter lucros. O caso aparece na teoria de Kahneman e Tversky como "efeito de reflexão".

Entre 2010, 2011
Voltando ao caso atual, estes movimentos abruptos do mercado de um ano para cá sugerem, para muitos, reações discrepantes ou exageradas do mercado. Na avaliação de John Petrides, "estas discrepâncias de seis a nove meses atrás apresentaram oportunidades incríveis de ganho. O preço das ações caiu tanto e tão rápido que os múltiplos se tornaram ridiculamente baratos".

Ainda assim, a afirmação do estrategista da Advisors Capital Management fala em seis a nove meses atrás. Lembrando que agora os mercados já refletem aquela expectativa, ou certeza, de recuperação. Mas para ele, apenas se moveram de "ridiculamente baratos para subvalorizados". 

Ou seja, apesar do forte desempenho em 2009, Petrides ainda vê muita oportunidade em diversas partes do mercado. Sobre quando as ações deixarão este cenário de subvalorização, aposta "em algum lugar entre 2010 e 2011".

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